Ano B - XXX Domingo Comum
A)
Cada
página do Evangelho é um espelho na qual nos podemos contemplar.
A
página da cura de Bartimeu apresenta-nos 3 visões, consoante os 3 tipos de
pessoas que ali aparecem:
O
povo, o cego e Jesus.
1.
O povo (os discípulos e a multidão)
Estes
vão em frente sem saber para onde, nem que estão a fazer. É uma espécie de
Maria Vai com as Outras. Não conhecem bem quem estão a seguir. Apesar de terem
os olhos abertos ao veem, nem o Messias que é Jesus nem o cego que está à
margem da estrada, isto é, são mais cegos que Bartimeu, pois não querem ver.
Por fim, ainda são capazes de mandar calar os outros… Mas ao fim e ao cabo é
capaz de fazer aquilo que Jesus lhes manda e de aplaudir, glorificando a Deus.
2.
O cego Bartimeu
Ele
não era cego de nascença, mas perdeu a vista: é o homem que perdeu a luz e está
ciente disso, mas não perdeu a esperança e sabe agarrar a possibilidade desse
encontro com Jesus e confia-se a ele para ser curado exteriormente, pois a
proximidade já o curara interiormente. Bartimeu é a imagem do homem que
reconhece o seu mal e grita ao Senhor com esperança. É tal e qual nós quando
deixamos de ver o sentido da vida ou de Deus, mas não nos contentamos com isso.
3.
Jesus
É
alguém que avança, que está sempre em ação. Passa, escuta, vê, chama, liberta.
É alguém que por onde passa acende uma luz, isto é, ilumina as pessoas. É
alguém que quer saber o que os outros querem, para que queira o mesmo que Ele.
Conclusão
O
povo e o cego são parecidos connosco. Nós devemos ser parecidos com Jesus.
B)
Santo
Agostinho observa um particular acerca da figura de Bartimeu, que pode ser
interessante e significativo também hoje para nós. Ele reflete sobre o facto de
Marcos referir, neste caso, não só o nome da pessoa que é curada, mas também de
seu pai, e chega à conclusão de que «Bartimeu, filho de Timeu, era um
personagem decaído duma situação de grande prosperidade, e a sua condição de
miséria devia ser universalmente conhecida e de domínio público, enquanto não
era apenas cego, mas um mendigo que estava sentado na berma da estrada.
Esta
interpretação de Bartimeu como pessoa decaída duma condição de «grande
prosperidade» é sugestiva, convidando-nos a refletir sobre o facto que há
riquezas preciosas na nossa vida que podemos perder e que não são materiais.
Nesta perspetiva, Bartimeu poderia representar aqueles que vivem em regiões de
antiga evangelização, onde a luz da fé se debilitou, e se afastaram de Deus,
deixando de O considerarem relevante na própria vida: são pessoas que deste
modo perderam uma grande riqueza, «decaíram» duma alta dignidade – não
económica ou de poder terreno, mas a dignidade cristã –, perderam a orientação
segura e firme da vida e tornaram-se, muitas vezes inconscientemente, mendigos
do sentido da existência.
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